Mestre dos Mestres

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domingo, 4 de dezembro de 2011

Escola Helen Keller

Uma escola diferente
Informática é usada como forma de integração em escola de educação especial para deficientes auditivos em São Paulo

Por Olívia Rangel Joffily

A Escola Municipal de Educação Especial Helen Keller, um prédio grande e bem iluminado, fica ao lado do Parque da Aclimação, um local privilegiado na cidade de São Paulo. Mas os alunos, embora aproveitem o verde, não podem desfrutar o canto dos pássaros porque não ouvem, são crianças surdas. Como não ouvem, têm dificuldades de reproduzir os sons, embora biologicamente tenham condições de emiti-los.
E é por isso que, ao chegar às portas da escola, apesar da intensa agitação de crianças, não se escuta o alegre burburinho característico de um estabelecimento escolar. Ao invés disso, o que se observa é o gestual característico dos deficientes auditivos, a Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Aparentemente, a Helen Keller está na contramão da chamada educação inclusiva. Afinal, é uma escola especial destinada exclusivamente aos deficientes auditivos. Mas um exame mais detalhado mostra que a questão não é tão simples. Os problemas das crianças surdas vão além do que muitos estão acostumados a ver. Um deles, sem dúvida, é a comunicação.


Habituados ao silêncio, os alunos têm muita dificuldade de compreender um mundo cujos códigos de comunicação passam pela sonoridade e dependem em grande parte da fala. Outro aspecto fundamental é quanto à melhor forma de letramento e alfabetização dos deficientes auditivos. Algumas correntes defendem que a primeira “língua” do surdo é o sinal. Outras correntes são favoráveis ao aprendizado de leitura labial e estimulação da fala. E outras ainda defendem que é importante que o surdo domine as duas linguagens.
Não se trata de uma questão menor. O que está em discussão, na verdade, é a melhor forma de integrar o surdo à sociedade. A Escola Helen Keller já trilhou diversas orientações. Hoje, segundo as orientadoras pedagógicas Inês Castro e Izilda Correia, procura abrir todas as portas possíveis para seus alunos, ensinando a linguagem dos sinais, mas, ao mesmo tempo, buscando estimular a fala e a linguagem labial.
:: Informática como ferramenta

Neste sentido, a informática parece representar mais uma porta aberta para o aprendizado. Segundo relato das POIEs (Professoras Orientadoras de Informática Educativa) Mônica Conforto e Valéria Carvalho, os alunos adoram os computadores e amam viajar pela Internet. Sentem-se incluídos e iguais às demais crianças nesta viagem, já que o importante na Internet é a comunicação visual.
Recente decisão do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) de apoiar financeiramente o desenvolvimento de um programa de computador que traduz textos em português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) pode representar um grande avanço para a educação de deficientes auditivos.
Seja usando a Libras ou a leitura labial, é necessário haver professores especializados, habilitados e muita dedicação para conseguir interessar as crianças (e também adultos) a se comunicar com o mundo. E isso não falta aos educadores da Helen Keller.

O projeto pedagógico da escola tem como prioridade a integração do surdo ao mercado de trabalho. Mas como fazer isso? Segundo a assistente de direção Tereza Cristina, para realmente ser incluído, o deficiente auditivo necessita de uma atenção especializada que o capacite a decifrar os códigos de linguagem e lhe permita comunicar-se com o mundo. Um professor sem habilitação especial, sem dúvida, teria muita dificuldade para entrar em contato com o aluno surdo e garantir que o processo cognitivo e o desenvolvimento geral da criança ocorram.
O letramento e a alfabetização são processos que desafiam educadores em todo o mundo, porque tem sido difícil assegurar que todas as crianças aprendam a ler e a escrever. O problema torna-se ainda mais complexo se imaginarmos crianças que possuem uma dificuldade a mais no seus contatos com o mundo que as cerca. É como se um fio estivesse desconectado.

O xis do problema é restabelecer a ligação. Isso exige estudo, experiência, especialização. Por isso, como afirma a assistente pedagógica Inês Castro, colocar este aluno numa classe comum sem assistência especializada significa incluí-lo apenas formalmente, sem garantir seu desenvolvimento.
Helen Keller, a famosa surda que deu nome à escola, dizia que não se deve engatinhar quando se tem o impulso de voar. Fiel à sua patrona, a EMEE procura ensinar seu alunos a alçar o vôo pela vida.
:: A escola em números e dados
A escola foi fundada em 1952 por iniciativa o capitão de Exército Francisco Vieira Fonseca, pai de três crianças portadoras de deficiência auditiva. Ele propôs à Secretaria de Educação, em 1951, a criação de um Núcleo de Recuperação voltado para o atendimento especializado de crianças surdas.

O núcleo foi fundado oficialmente em 13 de outubro de 1952, no bairro de Santana. Em 1956, foi transferido para o bairro da Aclimação, com o nome de Instituto Municipal de Surdos-Mudos. Em março de 1969, o Instituto passa a ter o nome de Helen Keller. Em 1976, com a criação da Lei nº 84389, que organiza a Educação de Deficientes Auditivos no Ensino Municipal, a escola passou a chamar-se Escola Municipal de Ensino de Deficientes Auditivos Helen Keller. A escola recebeu, em 1998, o nome de Escola Municipal de Educação Especial Helen Keller.
A escola tem hoje 427 alunos, distribuídos na Educação Infantil, Fundamental 1 e 2 e Suplência, realizada à noite. Conta com 51 professores, quase todos formados em Pedagogia e com habilitação especial na área de educação de deficientes da áudio-comunicação. Tem sala de leitura e, desde 1992, Laboratório de informática.
Utiliza a Libras e a leitura labial para comunicar-se com os alunos. Conta também com um atendimento especializado em reabilitação e estimulação da fala, audição e linguagem.
Escola Municipal de Educação de Deficientes Auditivos Helen Keller
Rua Pedra Azul, 314 - Aclimação 04109-000 São Paulo (SP)
Tel.  (11) 5573-4189 /0667


http://www.educared.org/educa/revista_educarede/especiais.cfm?id_especial=96

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